Coisa de gênio. Assim entendeu o mercado político sobre a movimentação do deputado estadual Theodorico Ferraço (DEM) nas articulações da eleição da Mesa Diretora da Assembleia. O deputado, que teve a candidatura esvaziada à presidência da Casa, ao chegar à vice-presidência da Casa mostrou uma grande habilidade política que garantiu sua saída do processo mais fortalecido não só na Casa, mas também em sua base política, o sul do Estado.
Além de conseguir um cargo de destaque na Mesa Diretora, ele emplacou o aliado político Glauber Coelho (PR) na Segunda Secretaria. Glauber não esconde a admiração e busca de proximidade política com Ferraço. Também vindo de Cachoeiro de Itapemirim, o deputado, que é um dos homens fortes do PR, sobretudo na região, será muito útil na provável candidatura do demista à prefeitura de Cachoeiro, em 2012.
Nos bastidores da eleição, um dos comentários era a preocupação do PT e do prefeito de Cachoeiro Carlos Casteglione, com o possível fortalecimento de Ferraço caso ele chegasse à presidência da Mesa. Esse teria sido um dos ingredientes que levaram o governo do Estado a desestabilizar o favoritismo de Ferraço na disputa.
Mas, com a retirada de seu nome e a consolidação do nome de Rodrigo Chamoun (PSB) para a presidência, manobra orquestrada pelo próprio Theodorico Ferraço, sua chegada à Mesa da Assembleia, com o destaque da vice-presidência, recupera os danos causados pela saída da disputa e restabelece o seu capital político.
Mas não foi só no sul do Estado que Ferraço ganhou força com a eleição da Mesa Diretora. A declaração do presidente da Casa, Rodrigo Chamoun, de que não vai disputar a eleição em Guarapari, em 2012, pode também ser considerada outra vitória de Ferraço. Isto porque o atual prefeito, Edson Magalhães (PPS), é aliado de primeira linha de Ferraço.
Embora Chamoun esteja se distanciando de sua base eleitoral desde o primeiro mandato, o deputado, que saiu derrotado da disputa municipal em 2008, poderia se fortalecer politicamente com a presidência da Assembleia. Neste sentido, a declaração do socialista deixa transparecer que a discussão da Mesa passou também por questões futuras.
Outro ponto favorável a Ferraço é o fato de que sua experiência política, se comparada com a dos demais membros da Mesa, é muito superior. Os dois secretários são deputados de primeiro mandato, embora tenham larga experiência em câmaras municipais, seja Glauber Coelho, em Cachoeiro, seja Roberto Carlos, na Serra. Os mecanismos do parlamento, porém, são diferentes da dinâmica dos legislativos municipais.
Já Rodrigo Chamoun teve uma passagem pela vice-presidência da Mesa Diretora, na gestão de Élcio Álvares (DEM). Mas o perfil pouco democrático do presidente não deve ter lhe dado os subsídios necessários para ganhar a experiência e a habilidade política que o cargo exige. Neste sentido, Theodorico Ferraço, conhecido nos meios políticos como raposa, se destaca pela quilometragem na vida política, o que pode lhe garantir uma visibilidade diferenciada em relação aos demais membros da Mesa.
Renata Oliveira
Foto capa: Nerter Samora(Século Diario)